Acima da incompetência, acima da prodigalidade ou da estupidez, o que mais corrompe o poder de um país é a indignidade. A indignidade de governantes que, durante anos, andaram mudos, quando algo de grave, de criminoso, de abominável acontece e aconteceu sob os seus olhos. A indignidade de uma imprensa que esquece o dia de ontem com demasiada facilidade e que levanta nomes e acusa pessoas com uma perigosa ligeireza. A indignidade de um Ministério Público que não cumpre o seu dever de acusador, que não investiga o que tem que investigar. A indignidade de quem está à frente de instituições de ensino e condescende com a terrível, demasiado terrível predisposição humana para o mal e para a bestialidade. A indignidade de um país que cala o que sabe e assiste à demência com medroso e desumano silêncio. Esta é a nossa indignidade. Ao menos, que fosse uma indignidade visível; que fôssemos cabrões à luz do dia. Não entre cortinas, entre silêncios, entre criminosas lealdades.
# A Coluna Infame [link de origem]
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