Entrevistado: Maria Clara Assunção, 40 anos, Bibliotecária
Blogue: A Biblioteca de Jacinto
1. Sabendo que a blogosfera é uma janela para a vida cibernética, como vê o fenómeno «blogue»?
-Não tenho ainda uma opinião formada acerca desse assunto pois entrei no mundo dos blogues (como editora) há cerca de dois anos mas só há alguns meses comecei a consultar mais blogues, a participar em blogues alheios e, desde Setembro, com o meu próprio blogue (http://abibliotecadejacinto.blogspot.com). Enquanto bibliotecária, para mais, interessada na temática da história do livro e da imprensa, o fenómeno blogue tem para mim algo de "déja vu" ao contrário do que possa acontecer a quem não tenha uma perspectiva histórica dos fenómenos da comunicação. A edição privada, de carácter "artesanal", existe desde os primeiros tempos da tipografia. A publicação de textos críticos ou de intervenção social, com
carácter panfletário, tem, pelo menos, dois séculos (no meu blogue menciono "As Farpas" como um exemplo de um blogue "avant la lettre"). A estrutura cronológica é um retorno à lógica linear do livro impresso (ou até do rolo) que contraria a ideia difundida há alguns anos, de que a estrutura hipertextual era o futuro e que a lógica linear tinha os dias contados. E há outros aspectos que assemelham o fenómeno blogue a fenómenos muito mais antigos do que a internet. Por todas estas razões - e não obstante ser editora de um blogue e co-editora de outro - posiciono-me neste universo como observadora participante.
2. Quando acede à blogosfera que tipo de blogues procura?
-Normalmente não procuro blogues. Procuro informação. O facto de estar ou não em blogues é-me, geralmente, indiferente.
3. O que a levou a criar um blogue?
- Acho que subjacente à criação de um blogue há sempre uma certa petulância, mesmo que inconsciente. O que me leva a pensar que tenho alguma coisa de interessante para dizer?!? Não sei. Criei o meu blogue porque gosto de escrever, porque me exprimo melhor por escrito do que oralmente e porque gosto de comunicar. Já era editora de um blogue profissional onde participo pouco mas senti vontade (não chegou a ser necessidade) de ter um blogue meu onde me sentisse totalmente livre de escrever o que me apetecesse. Também
costumo fazer comentários em blogues de outros e isso talvez me tenha incentivado a criar o meu próprio blogue. Mas, na verdade, achei que ninguém o iria ler. Fiquei surpreendida com a rapidez com que comecei a ser contactada por outros blogueiros (diz-se assim?…).
4. Que balanço faz da sua estadia na blogosfera e da blogosfera actual?
- Bastante positivo. Como digo na resposta anterior, não esperava que alguém lesse o meu blogue. Há um ambiente muito interessante, um sentido de comunidade que eu não imaginava existir.
5. Acha que os blogues podem substituir a imprensa online?
- Não. Nunca. São coisas diferentes. Há uns anos perguntava-se se a imprensa on-line iria substituir a imprensa escrita. Antes perguntava-se se o CD e a internet iriam substitituir os livros. Mas antes disso perguntou-se se o cinema iria substituir o teatro, se a fotografia iria substituir a pintura e, séculos antes, perguntou-se se a tipografia iria substituir a escrita manual. Na antiga Grécia houve movimentos contra a escrita porque se acreditava que iria eliminar a tradição oral. Tudo tem o seu lugar e a sua função.
6. Em que medida os blogues influenciam ou influenciaram a sua vida e/ou actividade profissional?
- Profissionalmente, não sinto influência. O papel das listas de discussão profissionais é mais marcante. Mas, claro, através dos blogs profissionais ou de profissionais da minha área acabo por encontrar informações que, de outra forma, levaria mais tempo a encontrar. Ou que nem sequer procuraria.
7. O que faz um bom blogue?
- Ausência de "lixo". Um blogue que esteja sempre a publicar coisas que não interessam ou repetidas ou só "para encher" vai caindo no esquecimento. Deixo de o visitar. Prefiro um blogue que não se actualize todos os dias mas que tenha bons conteúdos.
-Não tenho ainda uma opinião formada acerca desse assunto pois entrei no mundo dos blogues (como editora) há cerca de dois anos mas só há alguns meses comecei a consultar mais blogues, a participar em blogues alheios e, desde Setembro, com o meu próprio blogue (http://abibliotecadejacinto.blogspot.com). Enquanto bibliotecária, para mais, interessada na temática da história do livro e da imprensa, o fenómeno blogue tem para mim algo de "déja vu" ao contrário do que possa acontecer a quem não tenha uma perspectiva histórica dos fenómenos da comunicação. A edição privada, de carácter "artesanal", existe desde os primeiros tempos da tipografia. A publicação de textos críticos ou de intervenção social, com
carácter panfletário, tem, pelo menos, dois séculos (no meu blogue menciono "As Farpas" como um exemplo de um blogue "avant la lettre"). A estrutura cronológica é um retorno à lógica linear do livro impresso (ou até do rolo) que contraria a ideia difundida há alguns anos, de que a estrutura hipertextual era o futuro e que a lógica linear tinha os dias contados. E há outros aspectos que assemelham o fenómeno blogue a fenómenos muito mais antigos do que a internet. Por todas estas razões - e não obstante ser editora de um blogue e co-editora de outro - posiciono-me neste universo como observadora participante.
2. Quando acede à blogosfera que tipo de blogues procura?
-Normalmente não procuro blogues. Procuro informação. O facto de estar ou não em blogues é-me, geralmente, indiferente.
3. O que a levou a criar um blogue?
- Acho que subjacente à criação de um blogue há sempre uma certa petulância, mesmo que inconsciente. O que me leva a pensar que tenho alguma coisa de interessante para dizer?!? Não sei. Criei o meu blogue porque gosto de escrever, porque me exprimo melhor por escrito do que oralmente e porque gosto de comunicar. Já era editora de um blogue profissional onde participo pouco mas senti vontade (não chegou a ser necessidade) de ter um blogue meu onde me sentisse totalmente livre de escrever o que me apetecesse. Também
costumo fazer comentários em blogues de outros e isso talvez me tenha incentivado a criar o meu próprio blogue. Mas, na verdade, achei que ninguém o iria ler. Fiquei surpreendida com a rapidez com que comecei a ser contactada por outros blogueiros (diz-se assim?…).
4. Que balanço faz da sua estadia na blogosfera e da blogosfera actual?
- Bastante positivo. Como digo na resposta anterior, não esperava que alguém lesse o meu blogue. Há um ambiente muito interessante, um sentido de comunidade que eu não imaginava existir.
5. Acha que os blogues podem substituir a imprensa online?
- Não. Nunca. São coisas diferentes. Há uns anos perguntava-se se a imprensa on-line iria substituir a imprensa escrita. Antes perguntava-se se o CD e a internet iriam substitituir os livros. Mas antes disso perguntou-se se o cinema iria substituir o teatro, se a fotografia iria substituir a pintura e, séculos antes, perguntou-se se a tipografia iria substituir a escrita manual. Na antiga Grécia houve movimentos contra a escrita porque se acreditava que iria eliminar a tradição oral. Tudo tem o seu lugar e a sua função.
6. Em que medida os blogues influenciam ou influenciaram a sua vida e/ou actividade profissional?
- Profissionalmente, não sinto influência. O papel das listas de discussão profissionais é mais marcante. Mas, claro, através dos blogs profissionais ou de profissionais da minha área acabo por encontrar informações que, de outra forma, levaria mais tempo a encontrar. Ou que nem sequer procuraria.
7. O que faz um bom blogue?
- Ausência de "lixo". Um blogue que esteja sempre a publicar coisas que não interessam ou repetidas ou só "para encher" vai caindo no esquecimento. Deixo de o visitar. Prefiro um blogue que não se actualize todos os dias mas que tenha bons conteúdos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário