Poderemos estar a poucas horas do fim do reinado dos sinistros gémeos Kaczynski na Polónia. Com uma permanente instrumentalização de sentimentos religiosos, o exercício de poder por parte dos Kaczynski fomentou um caldo cultural de antagonismo interno, limitou efectivamente a democracia no país e permitiu a institucionalização do mais inaceitável populismo, radicalismo e discriminação em relação a importantes segmentos da população polaca. Perante a Europa, os problemas não foram menores. No seu dogmatismo, o Partido Lei e Justiça e os seus apoiantes aproximam-se bem mais dos antigos dirigentes comunistas do que pensam. O insuspeito Lech Walesa -- dirigente anti-comunista na década de 1980, ex-presidente polaco e Prémio Nobel da Paz -- já considerou que as eleições de amanhã são as mais importantes desde a queda do comunismo e que os eleitores têm a obrigação moral de irem votar. E de virarem esta triste página.
# Tiago Barbosa Ribeiro in Kontratempos [link de origem]
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2 comentários:
Um ano passou. Depois de uma pausa, mais ou menos esclarecedora, decidi regressar.
Não haverá, passado este tempo, menos pessoas sem alimento. Nem haverá menos pessoas sem condições mínimas de existência. O que parece existir, agora, é uma condição de acção necessária e urgente. Um imperativo moral, humano. Uma escolha que faço, como todos os colegas da blogosfera, e que serve, cada vez mais, para lembrar algo de essencial a todos nós, seres humanos: a nossa liberdade de expressão. E, hoje, passado tempo, para muitos tempo maior que para nós, é humano libertar a expressão e criticar. E quando digo criticar, digo lembrar alguém que tosse enquanto adormece, porque nada teve para comer. Como digo manifestar opinião sobre o caminho que se caminha, sobre a sua direcção, ou sobre os caminhos mais pequenos que ele atravessa.
Um ano passou, e muitos mais que nós sentiram cem anos passar. Sem esperança. Conformadas. Isoladas. Sem voz. Outros mais sentiram um ano passar depressa demais. Satisfeitas. Extasiadas. Desejosas de anos semelhantes.
Pois, eu pergunto: E nós, como eu? Como passamos?
Por mim, passei no meio. Senti dias de satisfação, de esperança garantida Mas outros dias senti um nó no estômago. E grande. Senti que algo está cada vez pior. Percebi que o Mundo se encontra negro, por debaixo do nosso peito. E que a nossa realidade, a da satisfação, é, porventura, a mais pequena de todas as realidades hoje constatadas.
Portanto, decidi regressar. Porque não tinha mais estômago para aguentar tanto nó. Porque percebi que existe um imperativo moral novo, que nós, os livre-pensadores, devemos seguir e manifestar, alargar e fomentar, e que, apesar de os dias que correm se passarem num imenso corredor escuro, onde por mais que se grite, ninguém nos ouve, não devemos nunca deixar de o fazer. A fazê-lo, esquece-se o que nos faz ser: a humanidade.
Neste caminho novo, seguirei acompanhado. Como nova forma de me manifestar, juntei outras vozes à minha voz, e juntas publicaremos diariamente, neste blog, a expressão do nosso imperativo moral.
Por todos aqueles que não podem criticar.
Não direi uma obrigação moral, mas um dever social de cidadania.
Abraço
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